terça-feira, 16 de agosto de 2016

Leitura da semana - As intermitências da morte

"No dia seguinte ninguém morreu." 
Assim inicia este deslumbrante romance de Saramago. Imaginem a suposição de que a morte deixa de existir e tudo no mundo é posto em causa.. A religião, os cuidados de saúde as politicas governamentais.. Imaginem o ambiente criado e as teorias que se desenrolam à volta do tema. 
Caos, é o que me vem à ideia só de pensar.. Mas que Saramago descreve com mestria, divagando sobre vida e morte, amor, sentido da vida, ...

Fazendo um parêntesis, parece-me que continuamos a dar pouco valor aquilo que é "nosso" ao que é português. E confesso que me causa alguma espécie!!! Que me desculpem os mais sensíveis mas temos tão bom ou melhor do que o que existe lá fora aqui neste nosso cantinho à beira mar plantado. E o mais estranhamente estúpido é que são os de fora que vêem dar valor ao que é nosso.. Parece confuso não é? Eu às vezes também acho.. mas a máxima, santos da casa não fazem milagres tem o seu quê de lógica na nossa visão do que é nacional.. 

Basta fazer alguma pesquisa na Internet e ver o papel que o escritor teve na sociedade, não só como escritor mas também como defensor dos direitos humanos (quem diria..), na página da Fundação José Saramago e numa autobiografia, o autor escreve:

"Em consequência da atribuição do Prémio Nobel a minha actividade pública viu-se incrementada. Viajei pelos cinco continentes, oferecendo conferências, recebendo graus académicos, participando em reuniões e congressos, tanto de carácter literário como social e político, mas, sobretudo, participei em acções reivindicativas da dignificação dos seres humanos e do cumprimento da Declaração dos Direitos Humanos pela consecução de uma sociedade mais justa, onde a pessoa seja prioridade absoluta, e não o comércio ou as lutas por um poder hegemónico, sempre destrutivas."
Pois... Se me é permitido dizer, leiam.. Leiam Saramago, primeiro estranha-se depois entranha-se. Sim confesso que inicialmente a escrita é algo confusa pela pouca pontuação que caracteriza a escrita do autor, mas como em tudo o hábito faz com que depois se torne uma leitura leve, de fácil compreensão. E para mim o melhor de tudo é que permite dar asas à imaginação, o autor deixa no ar questões e situações que nos permitem ir de encontro à história, penetrar no livro, conviver com todas as personagens e fazer do quotidiano delas o nosso próprio.
Recomendo vivamente, não só este mas todos os outros livros!
Boas leituras... 

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